Momo e o Senhor do Tempo
Michael Ende

Em 2010, na Alemanha, Byung-Chul Han publicou A Sociedade do cansaço. O filósofo coreano alertava como a sociedade contemporânea estava se tornando uma sociedade de “alto desempenho” e “máxima performance”, onde as pessoas obrigavam-se a estarem sempre produzindo, de maneira que a sua “performance” atingisse níveis cada vez mais altos de “demandas” e “entregas” até o ponto do esgotamento físico e psíquico.

Em 1973, na mesma Alemanha, Michel Ende publicava Momo e o Senhor do tempo. Um romance de ficção e fantasia onde uma menina, vinda não se sabe bem de onde, tinha todo o tempo do mundo para ouvir as pessoas: suas preocupações, suas angústias, seus sonhos, seus medos. E ouvia-as um a um, uma a uma, como se não tivesse nenhuma outra coisa a fazer.

Num dos seus últimos livros, Byung-Chul Han alertava para a necessidade da atenção, se ainda quisermos preservar a nossa humanidade e o melhor de nós mesmos.

Poder ler e discutir Momo é poder repensar questões essenciais da nossa existência: o tempo, a escuta, a atenção, o que importa, o que não importa, as relações, as demandas… Em definitiva, é poder repensar o que queremos e o que podemos fazer com nossas vidas numa sociedade que cada vez mais e com mais insistência empenha-se em olhar para o tempo e para as nossas relações apenas a partir de um ponto de vista excessivamente performático.

A Odisseia, de Homero, é uma das narrativas mais influentes e duradouras da tradição literária ocidental. O relato do retorno de Ulisses a Ítaca, após longos anos de guerra e errância, ultrapassa os limites da epopeia antiga para se tornar um símbolo universal da busca humana por identidade, sentido e reencontro com o lar.

Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo. Professor adjunto de História da América da Universidade Federal de São Paulo.